Intervenção na Assembleia de Freguesia Extraordinária dos 40 Anos do Poder Local
PDF Versão para impressão Enviar por E-mail

INTERVENÇÃO NA ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DOS 40 ANOS DO PODER LOCAL

Ex.mo Presidente da Assembleia de Freguesia de Loureiro

Ex.mo Tesoureiro da Junta de Freguesia de Loureiro

Ex.ma Secretária da Junta de Freguesia de Loureiro

Ex.mos Membros na Assembleia de Freguesia

Ex.mos Ex-Autarcas desta Freguesia

Ex.mo Público

Ex.ma Comunicação Social

Loureirenses

Aqui estamos mais uma vez a celebrar. Hoje, no preciso dia em que passam 40 anos das primeiras eleições para as autarquias. E 40 anos não são 40 meses, é tempo suficiente para um amadurecimento político e cívico, nesse sentido, esta Assembleia de Freguesia além de simbólica e de agradecimento a todos os autarcas eleitos nestes 40 anos, pretende ser um espaço de recordações e de construção da nossa memória coletiva. Por isso realiza-se num espaço de enorme valor sentimental, ou seja, esta Cantina de Alumieira, Dr. Albino dos Reis.

 

Antes da existência de um Salão Paroquial e das atuais instalações da Junta de Freguesia, a Cantina de Alumieira foi um espaço multiusos, palco que testemunhou a construção da modernidade loureirense, tanto do movimento associativo, como do político. Obrigado a todos pela vossa presença.

 

O que fazer com a liberdade?

 

Esta pergunta a que não se respondeu objetivamente, mas que todos a seguir ao 25 de Abril de 1974, cada um à sua maneira, tentou perceber o que faria dela, de que forma, com que objetivos, com que meios, para quê?...

 

A liberdade adquire-se, constrói-se, merece-se, tal qual um pai tenta educar um filho, também a pátria nos tentou recentemente fazer perceber o que fazer com essa palavra tão gasta, mas tão essencial: A liberdade.

 

Liberdade no respeito pelo outro, as suas ideias, assim como pela forma de se alcançar um país mais digno, próspero e onde seja bom viver. Não é fácil, nunca será fácil juntar tanta gente e construir um caminho. Mas pior que não trilhar um caminho é a sua ausência. E a chegada da liberdade foi a marcação desse caminho que fomos fazendo, com dúvidas, com dificuldades, também com muito progresso, muitas lutas sociais, muitos sonhos, uma ânsia enorme de se andar mais depressa para sermos ainda maiores.

 

Partidos, algo de novo a que não estávamos habituados

 

Não estávamos habituados porque havia alguém que escolhia por nós e nem pensávamos que também na nossa pequena freguesia, na nossa vila, na nossa cidade poderíamos ousar participar, construir, direcionar, valorizar. Nestes 40 anos, muitos partidos foram criados, alguns desses permaneceram, outros sucumbiram, muitos estarão a chegar. Todos querem participar, todos em liberdade e respeito pela nossa Constituição têm o direito de serem ouvidos, de exercerem a sua atividade. O povo saberá sempre o que quer, saberá sempre cultivar à sua maneira essa semente que lançou à terra e da qual brotará sempre vida. Mesmo que parte desse povo não goste da semente que brota, ela germinará.

 

Um povo é marcado pela sua história, pelas influências, pelos exemplos

 

Nada pior para alguém que queira ser eleito, para alguém eleito, que julgar o povo, porque o povo nunca poderá ser julgado. O povo é fruto da sua história, da sua educação, dos exemplos refletidos, o seu meio, a sua cultura. O Povo não se julga, julga-se a história que ele construiu ou deixou construir, julgam-se os sonhos por cumprir. É nesta procura entre as muitas verdades concretizadas e as ausências que se procura a valorização de uma terra. E Loureiro com mais de mil anos de história, muita água passou no Rio Gonde, muita gente por aqui viveu, desde Godesteu até chegarmos nós, que somos agora esse elo que decerto não vamos deixar quebrar na construção desta nossa Freguesia.

 

Do sonho à realidade, da participação a alguma apatia

 

Se o sonho é sempre mais alto que a realidade, a realidade é sonho que baixou para o podermos agarrar. Se no sonho queremos sempre a participação de todos, constatarmos mais recentemente na percentagem de abstenção terá que obrigatoriamente fazer-nos pensar. Pensar e tentar agir para que estes 40 anos de democracia se reforcem e que as pessoas entendam que só com uma participação política e cívica, podemos seguir este modelo de participação coletiva na construção do lugar onde vivemos. Se é certo que muita democracia poderá “distorcer” ou emperrar a democracia, é certo também que a falta de participação das pessoas liquidará a democracia.

 

Nestes 40 anos esse sonho transformou-se em muita realidade. Estes 40 anos trouxeram-nos melhores estradas, unidade de saúde, uma sede para a Junta de Freguesia, a ampliação do cemitério, escolas, unidades industriais, estabelecimentos comerciais e financeiros, mais construção, a variante à EN 224, mais cultura, mais património, mais solidariedade social, mais participação, mais infraestruturas públicas, mais dinamismo, mais conhecimento da nossa história, mais celebração.

 

Nestes 40 anos tudo isto foi possível porque os loureirenses sonharam e os seus autarcas ajudaram na medida da sua participação a que chegássemos ao presente desta forma, sendo a Freguesia mais importante a Sul do Concelho de Oliveira de Azeméis e onde se deposita mais esperança para futuro. Obrigado a todos vós, autarcas desta terra nestes 40 anos, por tudo o que fizeram, por tudo o que tentaram fazer. Se não conseguimos algumas coisas, decerto que os autarcas que nos sucederão o vão conseguir.

 

Apesar dos avanços todos sabemos que faltam melhores estradas, mais água, saneamento, melhor valorização do nosso património, jardins mais bem cuidados, limpeza mais constante das ruas, um Largo de Alumieira revitalizado, condições dignas para o nosso mercado semanal, o único com esta periodicidade em todas as Freguesias do Concelho, a casa onde nasceu D. Frei Caetano Brandão restaurada e ao serviço de todos, a Via do Sudoeste no terreno e outras realizações diversas que esta sociedade do Século XXI exige.

 

Baixar os braços não é o caminho, por isso continuamos todos a ser peças fundamentais. Por isso aqui estamos e aqui estaremos, cada um com o seu contributo.

 

Loureiro, uma marca territorial de futuro

 

Sim, Loureiro é cada vez mais uma marca territorial de futuro, porque além da nossa localização geográfica temos sabido valorizar a nossa terra. Todos somos importantes, todos somos uma peça deste puzzle. E se podemos ajudar a Freguesia com o nosso trabalho político, associativo, até individual, podemos também não dificultar quando se trata de ceder terreno para alargamento da via pública, na organização de eventos, na recolha de testemunhos do passado. Assim sendo, caso tenham material de campanhas autárquicas, recortes de notícias de jornais, fotografias ou outra documentação, partilhem com todos. Com a partilha desta informação e de outras histórias contribuiremos todos para registar um período importante da nossa história recente.

Os agradecimentos sabem bem, não como mero adorno nesta Assembleia de Freguesia, mas porque, de facto, a vossa contribuição foi importantíssima para aquilo que hoje somos.

Não ter medo, respeitar o outro, tolerar as dificuldades, colaborar para o bem comum, responsabilizar com civismo são formas de estar na vida que não devemos alienar.

Obrigado a todos pela presença, pelo vosso esforço e dedicação nestes 40 anos e continuem a sonhar.

Viva a nossa Freguesia de Loureiro, terra milenar, de agricultores, de músicos e de paz entre as gentes…

Obrigado!

Rui Luzes Cabral

12 de Dezembro de 2016