Loureiro comemora hoje os seus 1017 anos
PDF Versão para impressão Enviar por E-mail

O documento milenar de que há memória sobre Loureiro refere a venda de umas terras entre Tonce e Macieira de um certo Godesteu a Gonçalo Fernandes e sua Mulher Ermesinda. Mil e dezassete anos de muita história, de muita gente, de muitos “loureiros”.  

 

 

É que se fosse possível viajar no tempo e de repente nos víssemos por exemplo no Loureiro do século XVI, nada de certo nos era familiar, nem as gentes, nem todo o ambiente vivencial, apesar de estarem ali muitos dos nossos familiares. Uma ideia talvez louca que nos faz lembrar que as terras é que nos fazem e nós também as fazemos a elas, isto quem queira participar nesta cidadania colectiva. A terra é a mesma, os rios passam quase da mesma forma mas quase tudo o resto é um desconhecido presente que em cada geração é um quadro conhecível, real e próximo. Depois tudo passa, como as águas de um rio. Nada se perde, tudo se transforma e renova. Agora somos nós que temos de tratar dele. Todos devemos fazer a nossa parte por Loureiro e de todos os que dele necessitam. Parabéns Loureiro.

 

O DOCUMENTO MILENÁRIO

“Cristo. Em nome de Deus, eu Godesteu tenho por bem de boa paz e vontade e firme propósito e conselho que faça, por escritos, a vós Gonçalo Fernandes e vossa mulher Ermesinda, assim como faço, sobre a minha herdade própria que tive na villa Loureiro que é entre villa Tonce e Macieira, sob o castro Recarei, território Portugalense: Vendo-vos essa herdade pela fiadoria que vos fiou Querino, por parecer que vos roborou e (=quando) o libertei dos vossos ferros, e depois disso pôs-se o mesmo Querino em fuga, e caducou esse compromisso, e por isso ocorre-me a vontade de, por esse facto, conceder-vos essa herdade por inteiro pelos seus limites antigos quanto aí puderdes encontrar, e puderdes encontrar em proveito humano, nessa minha herdade, quanto me tocou entre meus irmãos e herdeiros, terras rotas e não rotas, árvores frutuosas e não frutuosas, pedras móveis e imóveis “águas de águas”, assentos de moinhos, pastos, pauis, saídas, acessos de montes e regressos, tudo quanto integro hajais vós e vossa descendência e que perpetuamente pretendais. Se alguém, todavia – o quenão cremos será feito por homem algum – vos coimar ou reclamar em juízo, ou outorgar não quisermos ou não pudermos, peitemos a vós dobrda essa herdade, ou quanto por v´s tiver sido melhorada, para que vós a hajais perpetuamente. Anota-se o dia ou o tempo sob o dis que é o XV das calendas de Junho. Era XXX I.ª depois da Milésima. Gondesteu nesta cártula de venda por minha mão (faço) +. Guterre Fernandes, Tael Vasques, Telo Ermieires, Heifreiro e outros mais. Dónon presbítero, Sarracino, Rando, Alvito presbítero, Goirigo e outros mais que foram presentes.”

 

Documento milenário de 18 de Maio de 993, corresponde a “15 das calendas de Junho da era de César de 1031”. Carta autógrafa, proveniente do Mosteiro de Moreira, que se encontra na torre do Tombo) Leitura do documento por A. Almeida Fernandes para o Livro “No Milenário de Loureiro, 993 – 1993.